Vidas negras importam https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br HIstórias, denúncias e referências para quem quer aprender, mudar e se desconstruir Tue, 07 Dec 2021 12:41:48 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Um ano da morte de George Floyd: Folha fará quatro lives no Instagram nesta terça (25) https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/05/24/um-ano-da-morte-de-george-floyd-folha-fara-quatro-lives-no-instagram-nesta-terca-25/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/05/24/um-ano-da-morte-de-george-floyd-folha-fara-quatro-lives-no-instagram-nesta-terca-25/#respond Mon, 24 May 2021 18:44:32 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/Floyd-300x215.jpg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=20 A Folha realizará nesta terça (25) uma série de lives no Instagram para discutir sistema penitenciário, mídia e comunicação, sistema judiciário e cultura. Os temas serão abordados sob o prisma do assassinato de George Floyd. 

Há um ano, em 25 de maio de 2020, o mundo viu, por 9 minutos e 29 segundos, Floyd ser morto por um policial branco, Derek Chauvin, em Minneapolis, nos EUA. 

Não é exagero dizer que o assassinato impactou centenas de milhares de pessoas em todo o planeta. Pesquisadores, advogados, artistas e repórteres convidados discutirão se o impacto se traduziu em mudanças pontuais ou estruturais. 

Como a arte reagiu à morte de Floyd? O julgamento de Chauvin tem mesmo o poder de mudar a forma como casos de violência policial por racismo são julgados nos EUA? E no Brasil? Há perspectivas de mudanças no sistema judicial? E no sistema penitenciário? Os jornais mudaram a forma de abordar violência de Estado contra a população negra? Se sim, o que mudou? Se não, por que não? E as mídias sociais? Telas pretas escurecendo as timelines do Instagram são protesto ou busca por acalmar a própria consciência? Debates sobre temas complexos nas redes são frutíferos ou vazios de significado? 

Diante de questões tão múltiplas e complexas, Jairo Malta, fotógrafo e designer da Folha, e os repórteres Amon Borges, Priscila Camazano e Matheus Moreira, montaram um time de peso para esse 25 de maio. Confira os horários das lives, temas e convidados abaixo.

 

14h – Sistema penitenciário

  • Jairo Malta – designer, fotógrafo e autor do blog Sons da Perifa na Folha
  • Afro X – cantor, compositor do 509-E, que leva o nome da cela em que ficou preso no Carandiru 
  • Preto Zezé – criador e presidente da Cufa (Central Única das Favelas), empresário e produtor artístico
  • Joel Luiz Manoel –  advogado de Jacarezinho, palestrante e membro da CDH/RJ
Arte: Jairo Malta/Folhapress

15h30 – Mídia e comunicação

  • Matheus Moreira – repórter e autor do blog Vidas Negras Importam na Folha; Cofundador do Prêmio Neusa Maria de Jornalismo para negros, indígenas e pessoas trans
  • Rosane Borges –  jornalista, doutora e mestre em ciências da comunicação pela USP, professora colaboradora do Colabor da ECA-USP. Ex-coordenadora nacional do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC), da Fundação Palmares, órgão do Ministério da Cultura. 
  • Yasmin Santos – jornalista pela UFRJ e pós-graduanda em direitos humanos e responsabilidade social pela PUC-RS. É editora-assistente do Nexo Jornal e foi repórter da revista piauí
  • Manoel Soares –  jornalista e apresentador do programa É de Casa, na TV Globo. Ativista social e cofundador da Central Única das Favelas.
Arte: Jairo Malta/Folhapress

18h – Sistema judiciário

  • Priscila Camazano – repórter da Folha, é formada em ciências sociais pela PUC-SP
  • Thiago Amparo – advogado, é professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste), escreve sobre direitos e discriminação. Colunista da Folha.
  • Valéria Lúcia dos Santos – advogada cível.
Arte: Jairo Malta/Folhapress

21h – Cultura

  • Amon Borges – repórter da Folha e autor dos blog Inteligência de Mercado e Lineup no jornal
  • Karol Conká – cantora
  • Rennan da Penha – DJ de funk, que foi preso acusado de associação com o tráfico
Arte: Jairo Malta/Folhapress
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Jovem negro morre após ser baleado por PM e ter socorro por familiares negado https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/05/13/jovem-negro-morre-apos-ser-baleado-por-pm-e-ter-socorro-por-familiares-negado/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/05/13/jovem-negro-morre-apos-ser-baleado-por-pm-e-ter-socorro-por-familiares-negado/#respond Thu, 13 May 2021 23:00:12 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/Victor-dos-Santos-Lima-1-300x215.jpg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=13 Cerca de 20 pessoas estavam reunidas entre as vielas 12 e 16 da Favela do Lamartine, em Santo André, no ABC Paulista, na noite em que o ajudante de pedreiro Victor dos Santos Lima, 22, morreu após ser baleado pelo policial militar Bruno Palagano Pereira, 30.

Ana Cristina dos Santos Vitorino, 45, mãe de Victor, disse à Folha que chegou ao local cerca de 15 minutos após o filho ter sido baleado e que nada pôde fazer porque os policiais a impediram de prestar socorro.

Ela afirma também que seu filho permaneceu sangrando por cerca de duas horas até a chegada de uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

“Eu pedi para ver o meu filho, não deixaram. [O policial] Me respondeu com palavras de baixo calão. Eu abaixei a cabeça. Só pedia para que pelo amor de Deus deixassem eu ver o meu filho. Mataram ele covardemente. Mesmo que ele estivesse errado, não é assim. Estão mentindo. Disseram que foi apenas um tiro, mas no vídeo dá para ver que foi mais”, disse.

Em um vídeo obtido pela família (veja abaixo) é possível ouvir pelo menos dois disparos consecutivos. Mas, no boletim que relata a ocorrência, consta o registro de apenas um disparo no local.

Ana Cristina afirma ainda que o filho deixou o local já sem vida. O boletim de ocorrência, no entanto, indica que Victor teria morrido a caminho do Centro Hospitalar Municipal de Santo André.

Victor era uma das pessoas reunidas que conversavam e ouviam música entre as vielas 12 e 16 quando uma patrulha da Polícia Militar abordou de forma truculenta um jovem de cerca de 19 anos que, segundo testemunhas, tem transtornos mentais e é conhecido na região. Os policiais disseram que o jovem transportava “porção considerável de drogas”.

Os ânimos se exaltaram quando os moradores ouviram de um policial que o jovem abordado seria levado para a represa Billings, que na região é conhecida apenas como “a represa” e como um local de desova de corpos.

De acordo com o depoimento dos PMs, registrado em boletim de ocorrência na madrugada do dia 13 de março, o jovem chegou a ser algemado, mas fugiu após moradores impedirem que ele fosse levado.

Na confusão, ainda segundo versão oficial da PM, um dos policiais, Felipe Matheus de Oliveira da Silva, 25, foi atingido por uma pedra. No vídeo é possível ver o momento e a reação do policial, que usou gás de pimenta para afastar os moradores. Foi durante a confusão que o policial Bruno Palagano disparou contra Victor.

Sobre a droga encontrada com o jovem, a polícia ainda não esclareceu a quantidade e nem se, de fato, ela estava em sua posse.

Uma testemunha, que não quis se identificar, afirmou que os policiais ameaçaram o jovem que tinha transtornos mentais e que os moradores, então, tentaram defendê-lo. O rapaz, segundo pessoas ouvidas pela reportagem, era amigo de infância de Victor. O que teria alarmado o grupo e motivado a reação foi o receio de que o jovem tivesse o mesmo destino de outro morador da região morto em 2019 e cujo corpo teria sido desovado na represa.

Em fevereiro de 2019, o corpo de Lucas Eduardo Martins dos Santos, 14, que morava na Favela do Amor, próxima a Favela do Lamartine, foi encontrado boiando dois dias depois de ter desaparecido, trajando apenas uma cueca e meias. Segundo familiares, na última vez em que foi visto vivo, o adolescente estava sendo abordado por um um grupo de policiais militares.

Para Jaqueline Aparecida Silva Alves Correa, advogada e articuladora da Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio, organização que acompanha o caso de Victor, o boletim de ocorrência contém inconsistências grotescas.

Correa cita, por exemplo, o sumiço da droga que teria sido apreendida antes da confusão. “Se a polícia já havia feito a prisão da primeira pessoa e apreendido uma pochete de drogas, onde foram parar essas drogas? No vídeo, o menino está no chão e quando ele corre não é possível ver nada. Por que as drogas não foram relatadas no boletim de ocorrência?”, questiona.

A Rede é uma organização que une movimentos sociais, profissionais e moradores das periferias de São Paulo na busca por proteção contra violência de estado.

A Folha acompanhou uma manifestação organizada pela Rede de Proteção e junto com a família de Victor. Os presentes pediam a apuração do caso e a responsabilização dos policiais envolvidos. A mãe de Lucas Eduardo estava presente.

Durante a manifestação, pelo menos dez viaturas em carreata deram voltas na praça e seguiram os manifestantes a distância durante todo o trajeto (veja a carreata abaixo).

Victor é mais um jovem negro morto pela polícia. O seu caso, como os demais registros de violência nas periferias do Brasil, começa numa abordagem policial —que possui regras para ser executada.

Outro lado

A reportagem enviou, no dia 17 de abril, oito perguntas à Secretaria de Segurança Pública do governo de João Doria (PSDB), mas não obteve resposta. A pasta foi questionada sobre o paradeiro das drogas apreendidas, por que não há informações sobre as drogas apreendidas no boletim de ocorrência, por que a vítima não foi levada ao hospital pela polícia, se os policiais foram afastados e por que os policiais usaram arma de fogo contra civis desarmados.

​No dia 19 de abril, a pasta disse apenas que um inquérito policial havia sido aberto para investigar o caso.

​”Todas as circunstâncias relativas ao caso são investigadas por meio de inquérito policial instaurado pelo Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) de Santo André. A equipe da unidade realiza a oitiva de familiares da vítima e testemunhas. A Polícia Militar também apura os fatos por meio de Inquérito Policial Militar (IPM). Diligências estão em andamento visando a elucidação da ocorrência.”

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