Vidas negras importam https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br HIstórias, denúncias e referências para quem quer aprender, mudar e se desconstruir Tue, 07 Dec 2021 12:41:48 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Vidas Negras Importam mudou de endereço https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/12/07/vidas-negras-importam-mudou-de-endereco/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/12/07/vidas-negras-importam-mudou-de-endereco/#respond Tue, 07 Dec 2021 12:35:03 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/vidas-negras-30-09-2021-foto-de-Danilo-Verpa_Folhapress-2-300x215.jpg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=202 Caro leitor,

Este blog continua na Folha, mas, agora, em um novo endereço. Acesse folha.com/vidasnegrasimportam para continuar lendo tudo que o Vidas Negras Importam publica.

Os textos já publicados permanecerão neste espaço para serem lidos e relidos.

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Blog na Folha

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Grupo antipassaporte vacinal exibe cartaz nazista e chama vereadoras negras de empregadas em Porto Alegre https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/10/20/grupo-antipassaporte-vacinal-exibe-cartaz-nazista-e-chama-vereadoras-negras-de-empregadas-em-porto-alegre/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/10/20/grupo-antipassaporte-vacinal-exibe-cartaz-nazista-e-chama-vereadoras-negras-de-empregadas-em-porto-alegre/#respond Wed, 20 Oct 2021 22:42:51 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/ESP6429-2-300x215.jpg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=180 Um grupo de manifestantes contrários ao passaporte da vacina na cidade de Porto Alegre exibiu pelo menos um cartaz que faz apologia ao nazismo no plenário da Câmara Municipal nesta quarta (20). Um integrante do grupo, que pedia o veto ao projeto, chamou vereadoras negras de empregadas.

A confusão aconteceu durante a discussão que antecedeu a votação que decidiria se o veto do prefeito de Porto Alegre ao passaporte da vacina seria mantido ou derrubado.

 

Tudo começou após o presidente em exercício, Idenir Cecchim (MDB), determinar a remoção de um homem que exibia um cartaz com apologia ao nazismo no plenário. O cartaz exibia a suástica e trazia imagens de braços de pessoas e o desenho de uma seringa sob o sinal de “proíbido”.

O homem não foi retirado pelos seguranças de pronto, segundo o vereador Matheus Gomes (PSOL), que reagiu tomando do homem o cartaz.

Somente então os seguranças teriam intervido e a confusão escalou até que a sessão fosse interrompida enquanto os manifestantes fossem removidos do local.

Confusão entre manifestantes contrários a passaporte vacinal, vereadores e seguranças levou sessão a ser interrompida – Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA

Após a saída do grupo do plenário, a votação foi retomada e, por 18 votos a 14 (e duas abstenções), o veto ao passaporte vacinal foi mantido.

Racismo e apologia ao nazismo

Durante a confusão, pelo menos duas vereadoras, Tássia Amorim e Bruna Rodrigues, ambas do PCdoB, foram chamadas de empregadas por uma manifestante. Rodrigues, que é presidente do partido em Porto Alegre, publicou em suas redes sociais um vídeo que mostra o momento.

“Infelizmente, ouvimos hoje aqui na Câmara o que estamos acostumadas a ouvir desde muito tempo. Ser chamada de “empregada”, de “lixo” é mais uma manifestação de um racismo que tenta desqualificar a todo momento a nossa chegada na Câmara”, escreveu.

Amorim afirma ter sido agredida por manifestantes e publicou em sua conta no Instagram fotos que mostram arranhões sobre a pele nos braços.

Vereadora Tássia Amorim mostra arranhões que afirma serem fruto de agressões dos manifestantes contrários ao passaporte vacinal
Vereadora Tássia Amorim mostra arranhões que afirma serem fruto de agressões dos manifestantes contrários ao passaporte vacinal – Foto: Reprodução

Para Matheus Gomes, o que aconteceu na Câmara Municipal “foi apologia explícita ao nazismo dentro de uma instituição democrática”.

Gomes afirma que havia homens trajando camisetas com a bandeira de Gadsen, que tem fundo amarelo e mostra uma cascavel em posição de ataque. A bandeira é um símbolo americano de amor à pátria adotado na revolução americana.

Atualmente, é utilizada por grupos de extrema direita americanos, tendo sido vista inclusive entre manifestantes que invadiram o Capitólio no dia 6 de janeiro deste ano, culminando na morte de cinco pessoas.

“Em nome do negacionismo e contra o passaporte vacinal, disseminaram o ódio racial e tentaram intimidar vereadores e vereadoras em Porto Alegre”, diz.

À Folha, Gomes disse que os vereadores já obtiveram junto aos órgãos responsáveis da Câmara Municipal a identificação dos manifestantes e que vão encaminhar a denúncia à Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância.

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Carrefour divulga projetos de equidade racial e empreendedorismo negro que financiará após morte de Beto Freitas https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/09/03/carrefour-divulga-projetos-de-equidade-racial-e-empreendedorismo-negro-que-financiara-apos-morte-de-beto-freitas/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/09/03/carrefour-divulga-projetos-de-equidade-racial-e-empreendedorismo-negro-que-financiara-apos-morte-de-beto-freitas/#respond Fri, 03 Sep 2021 21:36:59 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/a0048bce4ab2191aaac038757f04905a5e6c097cdfb105226fb8e16f8271fff8_5fbac712b55a7-2-300x215.jpg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=164 O Grupo Carrefour anunciou no dia 26 de agosto os 38 projetos de equidade racial e empreendedorismo negro que apoiará financeiramente durante um ano. O valor que cada projeto receberá varia, podendo chegar a R$ 65 mil.

As iniciativas foram selecionadas entre 1.625 inscritas em três editais, o de apoio para fortalecimento institucional de organizações e/ou coletivos afro-brasileiros da sociedade civil, com 13 projetos, e o de apoio a iniciativas de fomento ao empreendedorismo negro, com 15 projetos, e o de apoio a iniciativas de combate ao racismo e a discriminação, com 10 projetos.

A criação dos editais por meio do projeto Não Vamos Esquecer faz parte dos compromissos públicos assumidos pelo grupo após João Alberto Silveira Freitas, 40, o Beto Freitas, ser espancado e asfixiado por 4 minutos diante de 15 testemunhas por um segurança de uma unidade do Carrefour em Porto Alegre (RS) no Dia da Consciência Negra, em 2020.

Relembre o caso:

Ao todo, iniciativas de 13 estados foram selecionadas, a maior parte delas em São Paulo (7) e na Bahia (7), seguidas por Rio de Janeiro (5) e Rio Grande do Sul (4). Os demais estados são Maranhão (3), Pernambuco (3), Espirito Santo (2), Minas Gerais (2), Amazonas (1), Ceará (1), Paraíba (1), Piauí (1) e Sergipe (1).

Confira a lista completa das entidades com projetos selecionados:

Edital de Fortalecimento Institucional

Associação Comunitária, Cultural, Educacional e Política Casa do Hip Hop de Piracicaba. (SP)
Associação de Cultura, Arte, Educação e Esporte – Corpo e Mente (ES)
Associação de Pesquisadores Negros da Bahia – APNB (BA)
Associação de Povos Remanescentes de Quilombos de Segredo (BA)
Associação Escola de Samba Afro Cultural Unidos do Pôr Do Sol RS – AFROSOL (RS)
Associação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu – ACBANTU (BA)
Centro Cultural Cambinda Estrela (PE)
Comunidade Quilombola Dos Arturos De Contagem (MG)
Filhos de Gandhy (BA)
Instituto Ylúguerê de Educação, Política e Cultura Afro-Brasileira (MA)
Quilombo Maloca (SE)
Sociedade Beneficente e Cultural Floresta Aurora (RS)
Reciclarte (RJ)

Edital de Fomento ao Empreendedorismo Negro

Associação de Desenvolvimento Comunitário Rural do Assentamento Saco Curtume (PI)
Associação Comunitária de Canto (PB)
Associação Comunitária Cultural Quilombola do Ausente Feliz (MG)
Centro de Assessoria ao Movimento Popular (RJ)
Centro de Arte e Meio Ambiente – CAMA (BA)
Diáspora.Black (SP)
Granapretta – Finanças para Mulheres Negras (SP)
Instituto As Valquírias (SP)
Instituto de Apoio ao Desenvolvimento e Inclusão Social – IADIS (PE)
Instituto de Cultura e Economia Solidária Maria Luiza – Instituto Tia Luiza (PE)
Mostra Itinerante de Cinemas Negros – Mahomed Bamba (BA)
Negras Plurais (RS)
Pappo Consultoria (SP)
Plataforma www.diversidade.io (SP)
PROCOMECE – Projeto de Cultura, Esportes, Educação e Qualificação Profissional (RJ)

Edital de Combate ao Racismo

AFROCHAVES – Associação de Desenvolvimento Sociocultural Afro de Alfredo Chaves (ES)
Associação Comunitária Cantinho Feliz (CE)
Centro de Cultura Negra – Negro Cosme (MA)
Centro de Estudos e Pesquisas Visão de Futuro (MA)
Coletivo Virando a Rua (SP)
Instituto Cultural Afro da Amazônia – Projeto Afro (AM)
Malice Produções Culturais (RJ)
Observatório da Discriminação Racial no Futebol (RS)
Tem Dendê Produções (BA)
Ubuntu Filmes (RJ)

 

 

 

 

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‘Doutor Gama’, cinebiografia de jurista abolicionista e herói nacional, está disponível no Globoplay https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/08/14/doutor-gama-cinebiografia-de-jurista-abolicionista-e-heroi-nacional-esta-disponivel-no-globoplay/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/08/14/doutor-gama-cinebiografia-de-jurista-abolicionista-e-heroi-nacional-esta-disponivel-no-globoplay/#respond Sat, 14 Aug 2021 17:43:39 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/luiz-gama-300x215.jpg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=154 “Doutor Gama”, cinebiografia dirigida por Jeferson De, mostra a história de Luiz Gama, jurista e líder abolicionista brasileiro que viveu no século 19. O filme está disponível para assinantes na plataforma Globoplay.

Nascido livre, Gama foi escravizado após ser vendido pelo pai, mas obteve a liberdade após aprender a ler. Entrou para o exército e depois decidiu estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, mas foi rejeitado por alunos que não queriam compartilhar espaços e saberes com um homem negro.

Tornou-se advogado sem ter um diploma após estudar direito por conta própria. No dia 29 de junho de 2020, quase 139 anos após a sua morte, Luiz Gama se tornou o primeiro homem negro brasileiro a receber o título de Doutor Honoris Causa da USP (Universidade de São Paulo) e a segunda pessoa negra a receber tal título desde a fundação da universidade em 1934.

Em entrevista a Jairo MaltaLeonardo Sanchez, desta Folha, o diretor Jeferson De disse que, ainda que o período em que Gama viveu tenha sido tão sombrio para os negros brasileiros, quis fazer um filme que permitisse ao espectador conhecer Gama pela sua contribuição “política, intelectual e social” para o Brasil.

“Não se trata de levar o filme para um romantismo ingênuo e bobo. Falamos de um lugar de dor, mas é um lugar que não vai ter sangueira. Às vezes vemos nas telas corpos negros sendo violentados o tempo todo, gratuitamente, e não tiramos nada disso. Não que esse tipo de violência não aconteça, mas eu queria propor outra coisa com ‘Doutor Gama’”, disse.

O cineasta Jeferson De no set de filmagem de "Doutor Gama"
O cineasta Jeferson De no set de filmagem de “Doutor Gama”

Leia a reportagem “Jeferson De filma vida de Luiz Gama para voltar ao passado da luta antirracista“.

O filme dura cerca de 90 minutos e apresenta três atores no papel de Luiz Gama em diferentes momentos de sua vida: Pedro Guilherme (criança), Angelo Fernandes (jovem) e Cesar Mello (adulto).

Serviço:

DOUTOR GAMA

Onde: Globoplay e cinemas
Elenco: César Mello, Zezé Motta e Isabél Zuaa
Produção: Brasil, 2021
Direção: Jeferson De

Cartaz do filme "Doutor Gama", de Jeferson De
Cartaz do filme “Doutor Gama”, de Jeferson De

 

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Com padre Júlio, curta busca arrecadar doações para população de rua; saiba como ajudar https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/08/05/com-padre-julio-curta-busca-arrecadar-doacoes-para-populacao-de-rua-saiba-como-ajudar/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/08/05/com-padre-julio-curta-busca-arrecadar-doacoes-para-populacao-de-rua-saiba-como-ajudar/#respond Thu, 05 Aug 2021 20:36:12 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/WhatsApp-Image-2021-08-05-at-18.33.02-300x215.jpeg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=130 “‘Fique em casa’. Onde é a casa do morador de rua?”

“‘Lave as mãos’. Aonde?”

“‘Use álcool em gel’. Como?”

Para o padre Júlio Lancellotti, o distanciamento social imposto pela crise sanitária talvez seja o mais natural para as parcelas desabrigadas do país, já que “todos mantêm distanciamento de quem vive nas ruas”.

À frente de uma pastoral dedicada ao acolhimento desses grupos em São Paulo, o padre de 72 anos tem ganhado projeção nacional nos últimos anos — e até atraído ameaças de jovens católicos por seu “progressismo”. Nas redes sociais, sempre descreve as cenas com que se depara cotidianamente na capital paulista como uma crise humanitária.

Desta vez,  ele se juntou à Orquestra de Câmara da USP (OCAM), ao Coral Paulistano Mário de Andrade e a poetas de slam no curta-metragem “O Olho da Rua”, lançado no dia 21 de junho. Dirigido pela TILT REC e BICHO e co-produzido pela Porqueeu Filmes, o projeto busca arrecadar doações para os sem-teto.

As contribuições são feitas à Paróquia São Miguel Arcanjo, da qual o padre é pároco, e podem ser realizadas através de depósito bancário ou transferência via pix. Os dados completos estarão no pé do texto.

Em uma das cenas, o poeta Lucas Afonso questiona: “Pandemia, desemprego, tá vázio o armário. Como pode aumentar a fome e [ao mesmo tempo] a renda dos bilionários?”

“Tá tudo ao contrário”, ele conclui.

Com a pandemia e a alta no desemprego, o número de famílias desabrigadas não para de crescer em São Paulo, acentuando uma tendência de crescimento que vinha, pelo menos, desde 2015 na cidade.

Enquanto isso, bilionários do mundo surfam no aumento da desigualdade e ficam ainda mais ricos.

Há ainda a chegada  de uma onda de frio histórica ao país, que atinge sobretudo o Sul e o Sudeste, tornando a situação de quem não tem moradia ainda mais dramática. 

“É inaceitável o grau de invisibilidade dos cidadãos que estão na rua. Especialmente agora que o inverno chegou e que, além da fome alarmante, essa população estará enfrentando o frio gelado de noites intermináveis”, afirma Gil Jardim, maestro da OCAM e idealizador do curta-metragem. “Não dá para aceitar que muitos morram congelados e sem assistência”.

O próprio padre Júlio tem apelado pela liberação de estações de metrô durante as madrugadas, como espaços de acolhimento pelo tempo que durar a estação.

No filme, ele ainda aproveita para descrever o que seria uma ajuda que todos poderiam dar, sem custos algum : “não discrimine, não seja cruel, não fale contra a população em situação de rua. Se aproxime, olhe, seja humano”.

 

Dados para doações

Pix 63.089.825/0097-96 Depósito em conta: Bradesco • Ag 0299 • C/C 034857-0 • CNPJ: 63.089.825/0097-96 • Paróquia São Miguel Arcanjo

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Artista lança projeto para discutir masculinidade de homens negros LGBTQIA+ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/06/28/artista-lanca-projeto-para-discutir-masculinidade-de-homens-negros-lgbtqia/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/06/28/artista-lanca-projeto-para-discutir-masculinidade-de-homens-negros-lgbtqia/#respond Mon, 28 Jun 2021 22:26:30 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/Flip-Couto-em-Okó_-Masculinidades-Transatlânticas-300x215.jpg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=113 O artista Flip Couto lançou nesta segunda (28) o projeto Okó: MasKulinidades Transatlânticas, cujo objetivo é estudar e expressar formas alternativas e saudáveis de masculinidade que não sejam embasadas pelas discussões sobre a violência racial e policial e sobre a sexualização dos corpos negros.

O projeto é multimídia, composto por zines (revistas independentes), uma temporada de cinco episódios de um podcast inédito, o Rádio Okó, e dois vídeos com uma performance artística que envolve o corpo, a moda e a ocupação da cidade para expressar sentimentos, tudo isso partindo das experiências de um homem negro e gay.

Couto explica que para além de toda a luta por sobreviência, tanto de homens negros como de pessoas LGBTQIA+, a masculinidade precisa ser repensada de maneira que não se paute somente pelas violências sofridas ou eventuais, mas também pelos sentimentos.

 

Flip Couto em Okó_ Masculinidades Transatlânticas - Foto: @Afr0P
Flip Couto em Okó_ Maskulinidades Transatlânticas – Foto: @Afr0P

Cerca de 57% dos homens brasileiros foram ensinados a não expressar emoções, de acordo com o levantamento “O Silêncio dos Homens”, divulgado em 2019 junto com um documentário homônimo —ambos produzidos pelo portal Papo de Homem. Participaram da pesquisa, por meio de formulários online, quase 20 mil homens de todo o Brasil.

A criação de garotos para que se tornem “machos” leva 4 em cada 10 adultos a se sentir solitários, de acordo com o estudo, mas não para aí. Há outras consequências correlatas, como transtornos de ansiedade (31%), insônia (24%), vício em pornografia (23%), depressão (23%) e pensamentos suicídas (15%).

“É um tema que já permeia a minha vida, a minha construção social e a artística, mas eu nunca havia olhado para isso. Há vários grupos que discutem masculinidade, há estudos, mas eu nunca me vi representado nessas rodas de conversas e nesses conteúdos, então pensei e refleti sobre quais eram as minhas referências de masculinidade e descobri que eram os meus amigos gays, as minhas amigas lésbicas, as pessoas do meu dia a dia”, diz Couto.

A masculinidade, embora seja lembrada como algo ruim, pode e deve ser ressignificada.

O documentário “O Silêncio dos Homens” aborda variados graus de violência que passam pela raça, orientação sexual e gênero, além do machismo e misoginia, frutos da masculinidade tóxica. Ainda de acordo com o filme, homens brancos estão no topo da pirâmide social de bem estar e oportunidades, enquanto os homens transsexuais negros estão na base e na maior parte das vezes sequer são reconhecidos como homens —fruto da transfobia.

Mergulhando dentro de si, como costuma dizer, o artista encontrou matéria para suas primeiras experiências, uma delas aconteceu em 2018 durante um festival. Na ocasião, Couto performou virtualmente poemas de um colega. “Eu escutei o trabalho dele com o meu corpo”, afirma.

O projeto Okó: Maskulinidades Transatlânticas foi contemplado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, criada para socorrer artistas e trabalhadores de setores culturais durante a pandemia da Covid-19.

“Okó quer dizer homem em Pajubá [dialeto popular e usado pelos povos do santo e pela comunidade LGBTQIA+]. Queríamos [Couto e equipe] entender quem é esse homem nas diásporas negras do continente africano rumo às américas. É um trabalho que pesquisa as emoções desses corpos, que trabalha com a subjetividade, e tudo isso em relação com a rua, com as pessoas”, diz.

Serviço:

Temporada de Okó: Maskulinidades Transatlânticas

Período exposição: De 28 de Junho à 04 de Julho
Dias: Segunda à domingo
Horário: 20h
Via Sympla: https://www.sympla.com.br/oko__1239060

1ª temporada do Podcast Rádio Okó

28/06 – Viny Rodrigues: Falocracia e as Falácias do Homem
05/07 – Pedro Guimarães: Poéticas de um Corpo Negro Bixa
12/07 – Formigão: Ser Sapatão Preto
19/07 – Caru de Paula: Trans masculinidades, Memória e Saúde mental
26/07 – Neon Cunha: Cissexismo e a Performance de Gênero

Zines

Quantidade: 400 unidades
Locais: Centro de Culturas Negras (Jabaquara), Centro Cultural da Juventude (Vila dos Andrades), Centro Cultural Tendal da Lapa (Água Branca), Centro Cultural Vila Formosa, Centro Cultural São Paulo (Paraíso) e Centro Cultural Olido (Centro Histórico)

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Negros são menos de 5% dos indicados ao Prêmio Comunique-se, o Oscar do jornalismo brasileiro https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/06/25/negros-sao-menos-de-5-dos-indicados-ao-premio-comunique-se-o-oscar-do-jornalismo-brasileiro/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/06/25/negros-sao-menos-de-5-dos-indicados-ao-premio-comunique-se-o-oscar-do-jornalismo-brasileiro/#respond Fri, 25 Jun 2021 23:12:00 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/ViewImage-300x215.jpg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=99 O Prêmio Comunique-se divulgou no último dia 14 de junho os indicados em suas 27 categorias. Dos 214 comunicadores, somente 10 são negros, o equivalente a 4,7%, segundo levantamento feito pela Folha.

A jornalista Flávia Oliveira, colunista do O Globo e da rádio CBN e comentarista na GloboNews, foi a única pessoa negra a ser indicada em mais de uma categoria. Ela concorre nas categorias “mídia escrita” e “mídia falada” de Economia.

Em contrapartida, apenas oito comunicadores não negros somam 27 indicações. Os mais indicados são Natuza Nery (Globo), Nathalia Arcuri (RedeTV) e Guilherme Fiuza (Jovem Pan), com quatro indicações cada.

Dentre os oito mais indicados, cinco integram emissoras ou veículos valorizadas pelo presidente Jair Bolsonaro como Jovem Pan, RedeTV e Record.

Apesar de os vencedores serem escolhidos por votação popular, os indicados são escolhidos pela equipe da empresa Comunique-se S.A. Na prática, se a empresa não indicar um profissional, ele não poderá ser escolhido pelo público de nenhuma outra maneira.

O regulamento da premiação, disponível no site, informa que “os profissionais de comunicação que concorrerão ao Prêmio serão indicados primeiramente pela equipe do Comunique-se, com base nas indicações feitas pelos internautas por meio da votação no Portal Comunique-se e na página do Prêmio Comunique-se“.

O público apenas poderá votar para escolher entre os indicados três finalistas para cada categoria e, posteriormente, os 27 premiados. O resultado da votação é auditado, segundo o regulamento, por uma empresa independente.

Procurada, a Comunique-se não respondeu aos questionamentos até a publicação deste texto.

Entre os mais indicados, em três categorias, está o jornalista Augusto Nunes, que nesta quarta (24) disse em comentário ao vivo na Rádio Jovem Pan que “até a tonalidade da pele” indicaria que o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) mentiu ao falar sobre irregularidades nas negociações de compra da vacina Covaxin contra Covid-19 pelo governo federal.

De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Miranda se declarou em 2018 como sendo branco.

“Todos os casos, inclusive essa evidente fraude ensaiada pelo deputado, seu irmão, Renan Calheiros e etc. As imagens que nós mostramos, elas falam. Nessas imagens, o rosto fala, os olhos falam, o tom de voz, o timbre, tudo fala. Até a tonalidade da pele e tal. É evidente que o Onyx, um político muito tarimbado, está falando a verdade”, disse Augusto Nunes.

Pelo comentário em vídeo (veja abaixo), não há como afirmar que a fala teve cunho racista, embora tenha sido interpretada por usuários nas redes sociais dessa maneira.

O jornalista disse à Folha que já no começo do comentário expressou que “o rosto fala, fala com o olhar inseguro, por exemplo. Ou com a boca ressecada. Ou com a tonalidade da pele. Quem mente corre o risco de ficar ruborizado, com a pele avermelhada. Quando me exponho ao sol por muito tempo, meu rosto adquire uma tonalidade bronzeada”.

Para Nunes, “quem vê racismo nesta constatação (sem ficar ruborizado) precisa de psiquiatra”.

Veja algumas das publicações de usuários que demonstraram incômodo e apontaram racismo na fala do jornalista, veja:

A forma como Nunes se expressou, porém, não foi percebido da mesma maneira por todos. Alguns usuários, por exemplo, não viram racismo neste caso:

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Casal branco do Leblon pode ser enquadrado por calúnia e racismo, avaliam especialistas https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/06/15/casal-branco-do-leblon-pode-ser-enquadrado-por-calunia-e-racismo-avaliam-especialistas/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/06/15/casal-branco-do-leblon-pode-ser-enquadrado-por-calunia-e-racismo-avaliam-especialistas/#respond Tue, 15 Jun 2021 18:12:28 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/WhatsApp-Image-2021-06-15-at-13.11.46-300x215.jpeg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=87 Reportagem: Rebeca Oliveira

Matheus Pereira, negro, instrutor de surf, esperava a namorada na tarde de sábado (12) em frente ao Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, quando foi abordado por um casal branco que o acusou de roubar sua própria bicicleta elétrica. Se denunciado, o casal poderia ser enquadrado em crimes como calúnia e racismo.

O caso repercutiu rapidamente nas redes sociais. Na publicação que viralizou, Pereira diz ter tentado provar que a bicicleta era dele, com fotos antigas e a chave do cadeado. O casal só recuou na acusação depois de não ter conseguido abrir o cadeado da bicicleta com a chave que tinha. Ao notar que estava sendo filmado, o rapaz alegou que “não estava acusando, só estava perguntando”.

“São coisas que encabulam o racista. Eles não conseguem entender como você está ali sem ter roubado dele, não importa o quanto você prove”, disse Pereira.

O caso de Pereira não é isolado. Pessoas negras não raro são acusadas de furto quando aparecem publicamente com posses que, para os racistas, parecem fora de seu alcance financeiro. O ex-jogador de futebol Zé Roberto revelou em entrevista recente ao podcast PodPah que decidiu vender seu carro por ser constantemente abordado por policiais.

“Sem sacanagem, eu era parado pela polícia três vezes. Se eu não era parado, os caras [policiais] me seguiam e, quando eu chegava na porta da casa dela [de sua namorada], os caras: ‘Mão para cabeça! Sai [do carro]’! De quem é o carro?’. Isso foi muito constrangedor para mim. Isso fez com que eu vendesse o carro em três meses porque eu não tinha sossego ”, contou.

Levantamento feito pela Folha para a série Inocentes Presos mostra que das 100 pessoas presas injustamente cujo caso foi revelado pelos repórteres, 60 eram negras.

As duas principais causas para as prisões são reconhecimento incorreto (42 casos) e identificação incorreta (25 casos). Soa familiar? É porque é. O levantamento indica que negros são incorretamente reconhecidos em 71,5% dos casos contra 28,5% dos brancos.

Para o advogado voluntário do Educafro Iraupuã Santana o vídeo divulgado por Matheus revela dois crimes: calúnia e racismo. “O vídeo mostra a acusação de um furto que não ocorreu, o que constitui crime de calúnia, que é atribuir a outra pessoa um crime que não foi cometido. Mas também precisamos entender que isso somente aconteceu mediante racismo. Somente foi atribuído o crime porque o jovem em questão era negro.”

“É importante ressaltar aqui que a configuração como crime serve também para dar o devido nome a essas violências e agressões cotidianas, em especial contra jovens negros, que são reiteradamente normalizadas por uma sociedade que pensa que pode questionar o lugar, a propriedade e a liberdade de pessoas negras”, explica Thiago Amparo, advogado e colunista da Folha.

Os dois advogados avaliam que Matheus agiu corretamente em registrar o acontecido, já que a gravação se torna uma prova em eventual ação judicial. Além dos crimes de calúnia e racismo, o vídeo mostra que o casal tomou o cadeado em mãos e tentou inserir a própria chave para provar que a bicicleta era roubada.

“A tecnologia ajuda muito nesses casos de injúria racial e racismo. A situação deixa de ser a palavra de um contra outro”, diz Santana. “Além do uso em caso de ação penal, também tem um teor educativo. As pessoas têm que parar de achar que têm direito de questionar pessoas negras pela roupa que usam, pelo carro que dirigem ou por estarem perto de bicicletas elétricas.”

Segundo Amparo, o crime de calúnia pode ser denunciado somente por Matheus. Mas, caso haja o entendimento de que o caso se trata de uma ofensa ao grupo de pessoas negras como um todo, o Ministério Público pode entrar com ação penal contra o casal.

Identificado como Tomás Oliveira, o jovem branco no vídeo que acusa Pereira de roubar a bicicleta foi demitido pela Papel Craft, empresa em que trabalhava. Nas redes sociais, a empresa respondeu a comentários sinalizando o desligamento de Oliveira do quadro de funcionários. A Papel Craft disse à Folha que não se posicionaria sobre o assunto por enquanto.

Mariana Spinelli, professora do estúdio de dança Espaço Vibre e que aparece no vídeo com Oliveira, também foi demitida. Em publicação nas redes sociais a empresa disse não compactuar com racismo. “Repudiamos veementemente toda forma de discriminação e reafirmamos que o Vibre é um espaço que pratica e preza pelo respeito e pela inclusão”, diz o comunicado.

A reportagem não conseguiu contato com Oliveira ou Spinelli.

Colaborou: Matheus Moreira

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Programa de mentoria quer conectar executivas negras a estudantes https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/06/14/programa-de-mentoria-quer-conectar-executivas-negras-a-estudantes/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/06/14/programa-de-mentoria-quer-conectar-executivas-negras-a-estudantes/#respond Mon, 14 Jun 2021 18:36:07 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/Arte_Executivas-300x215.jpg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=55

Estão abertas as inscrições para a 5ª edição do programa Executivas do Amanhã, que busca fomentar lideranças femininas nas empresas através de mentoria entre executivas e estudantes.

Na edição deste ano, pela primeira vez, todas as dez mentoras do programa serão profissionais negras, que atuam em cargos de chefia e gerência nas mais diversas áreas do mercado corporativo brasileiro, como o setor de alimentos, o aéreo e o de comunicações.

O programa é organizado pela Exec, em parceria com a Huddle Brasil, ambas empresas de consultoria em recursos humanos.

Ao longo de três meses, de agosto a novembro, as estudantes terão a oportunidade de conhecer e trocar experiências com as profissionais. O intuito é que sejam cultivadas relações de longo prazo entre as participantes, que permaneçam mesmo após o fim do programa.

“Mentoria é um dos pilares essenciais de uma carreira bem sucedida”, conta Lisiane Lemos, gerente de novos negócios do Google e uma das executivas negras selecionadas. Eleita uma das pessoas mais influentes do mundo com menos de 30 anos pela revista Forbes, e integrante do ranking Most Influential People of Africa Descent, que tem apoio da ONU, ela destaca como foi importante ter tido profissionais de referência e conselheiros desde o início da carreira. “O ensinamento mais valioso que aparece em todas as sessões que tive é sobre continuar a corrente e apoiar outras pessoas, seguindo um círculo virtuoso”.

A gerente de Novos Negócios do Google, Lisiane Lemos – Foto: Eliária Andrade/Folhapress

Com o programa, ela espera “estar ao lado das meninas desde o início”, ensinando boas práticas e ajudando-as a construir networking.

André Freire, sócio da Exec, explica que o Executivas do Amanhã surgiu em 2017, do interesse crescente do mercado pela contratação de mais mulheres para cargos executivos, o que os levou a pensar sobre o cenário de sub-representação feminina nesses espaços.

A opção por profissionais negras neste ano reflete o esforço da empresa por aumentar o escopo da diversidade e acolher mais minorias, segundo ele.

No Brasil, apenas 8% da população feminina negra que ocupa o mercado formal está alocada em posições de liderança; a maioria, entretanto, nem sequer exerce trabalho remunerado, segundo levantamento da consultoria Indique Uma Preta.

Apesar disso, Lisiane Lemos observa com otimismo o aumento no número de iniciativas pela inclusão de profissionais negras. Ela aponta, porém, que as mudanças não devem parar nas contratações, mas sim continuar com práticas de retenção, promoção e sustentabilidade da carreira dessas profissionais no mercado.

Podem se inscrever no Executivas estudantes mulheres de todo o país, de qualquer idade e que estejam cursando, no mínimo, o segundo ano de uma graduação reconhecida pelo MEC.

Não haverá prioridade para estudantes negras, mas, segundo Freire, o processo de seleção tem garantido nos últimos anos a presença de estudantes de “todas as raças e regiões do país”. “É um processo competitivo, mas temos fases nas quais conseguimos avaliar perfis, com o intuito de termos uma turma de mentees [como são chamadas as alunas que recebem mentoria, em inglês] diversa”.

Após as inscrições, as participantes passarão por avaliações de competências e entrevistas com sócios da Exec. Ao fim, dez estudantes formarão duplas com as executivas, definidas de acordo com perfis e interesses.

Para se inscrever, basta acessar o site do programa. O prazo é até o dia 26/06.

Confira a lista completa de mentoras desta edição:

Débora Ferraz- Gerente Global de Talent Acquisition, da BRF;

– Camila Arruda- Diretora de RH -da Siemens Gamesa Energia Renovável Ltda;

– Katia Souza – Business Operations Director LATAM, da Aligntech;

– Elisangela Rodrigues Almeida- Diretora Executiva – Grupo In Press.

– Christiane Ferreira Neves- Diretora Comercial LATAM – da Brenntag Group;

– Valentine Giraud- Faculty/Board Member, da Think School of Creative Leadership;

– Thereza Moreno – Vice -Presidente Financeira, da Prudential do Brasil Seguros de Vida S/A;

– Lisiane Lemos – Gerente de Novos Negócios, do Google;

– Carla Moraes – Superintendente de Engenharia de Software, do Itaú;

– Dilma Souza Campos – CEO, da Outra Praia.

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Jovem negro morre após ser baleado por PM e ter socorro por familiares negado https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/05/13/jovem-negro-morre-apos-ser-baleado-por-pm-e-ter-socorro-por-familiares-negado/ https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/2021/05/13/jovem-negro-morre-apos-ser-baleado-por-pm-e-ter-socorro-por-familiares-negado/#respond Thu, 13 May 2021 23:00:12 +0000 https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/Victor-dos-Santos-Lima-1-300x215.jpg https://vidasnegrasimportam.blogfolha.uol.com.br/?p=13 Cerca de 20 pessoas estavam reunidas entre as vielas 12 e 16 da Favela do Lamartine, em Santo André, no ABC Paulista, na noite em que o ajudante de pedreiro Victor dos Santos Lima, 22, morreu após ser baleado pelo policial militar Bruno Palagano Pereira, 30.

Ana Cristina dos Santos Vitorino, 45, mãe de Victor, disse à Folha que chegou ao local cerca de 15 minutos após o filho ter sido baleado e que nada pôde fazer porque os policiais a impediram de prestar socorro.

Ela afirma também que seu filho permaneceu sangrando por cerca de duas horas até a chegada de uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

“Eu pedi para ver o meu filho, não deixaram. [O policial] Me respondeu com palavras de baixo calão. Eu abaixei a cabeça. Só pedia para que pelo amor de Deus deixassem eu ver o meu filho. Mataram ele covardemente. Mesmo que ele estivesse errado, não é assim. Estão mentindo. Disseram que foi apenas um tiro, mas no vídeo dá para ver que foi mais”, disse.

Em um vídeo obtido pela família (veja abaixo) é possível ouvir pelo menos dois disparos consecutivos. Mas, no boletim que relata a ocorrência, consta o registro de apenas um disparo no local.

Ana Cristina afirma ainda que o filho deixou o local já sem vida. O boletim de ocorrência, no entanto, indica que Victor teria morrido a caminho do Centro Hospitalar Municipal de Santo André.

Victor era uma das pessoas reunidas que conversavam e ouviam música entre as vielas 12 e 16 quando uma patrulha da Polícia Militar abordou de forma truculenta um jovem de cerca de 19 anos que, segundo testemunhas, tem transtornos mentais e é conhecido na região. Os policiais disseram que o jovem transportava “porção considerável de drogas”.

Os ânimos se exaltaram quando os moradores ouviram de um policial que o jovem abordado seria levado para a represa Billings, que na região é conhecida apenas como “a represa” e como um local de desova de corpos.

De acordo com o depoimento dos PMs, registrado em boletim de ocorrência na madrugada do dia 13 de março, o jovem chegou a ser algemado, mas fugiu após moradores impedirem que ele fosse levado.

Na confusão, ainda segundo versão oficial da PM, um dos policiais, Felipe Matheus de Oliveira da Silva, 25, foi atingido por uma pedra. No vídeo é possível ver o momento e a reação do policial, que usou gás de pimenta para afastar os moradores. Foi durante a confusão que o policial Bruno Palagano disparou contra Victor.

Sobre a droga encontrada com o jovem, a polícia ainda não esclareceu a quantidade e nem se, de fato, ela estava em sua posse.

Uma testemunha, que não quis se identificar, afirmou que os policiais ameaçaram o jovem que tinha transtornos mentais e que os moradores, então, tentaram defendê-lo. O rapaz, segundo pessoas ouvidas pela reportagem, era amigo de infância de Victor. O que teria alarmado o grupo e motivado a reação foi o receio de que o jovem tivesse o mesmo destino de outro morador da região morto em 2019 e cujo corpo teria sido desovado na represa.

Em fevereiro de 2019, o corpo de Lucas Eduardo Martins dos Santos, 14, que morava na Favela do Amor, próxima a Favela do Lamartine, foi encontrado boiando dois dias depois de ter desaparecido, trajando apenas uma cueca e meias. Segundo familiares, na última vez em que foi visto vivo, o adolescente estava sendo abordado por um um grupo de policiais militares.

Para Jaqueline Aparecida Silva Alves Correa, advogada e articuladora da Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio, organização que acompanha o caso de Victor, o boletim de ocorrência contém inconsistências grotescas.

Correa cita, por exemplo, o sumiço da droga que teria sido apreendida antes da confusão. “Se a polícia já havia feito a prisão da primeira pessoa e apreendido uma pochete de drogas, onde foram parar essas drogas? No vídeo, o menino está no chão e quando ele corre não é possível ver nada. Por que as drogas não foram relatadas no boletim de ocorrência?”, questiona.

A Rede é uma organização que une movimentos sociais, profissionais e moradores das periferias de São Paulo na busca por proteção contra violência de estado.

A Folha acompanhou uma manifestação organizada pela Rede de Proteção e junto com a família de Victor. Os presentes pediam a apuração do caso e a responsabilização dos policiais envolvidos. A mãe de Lucas Eduardo estava presente.

Durante a manifestação, pelo menos dez viaturas em carreata deram voltas na praça e seguiram os manifestantes a distância durante todo o trajeto (veja a carreata abaixo).

Victor é mais um jovem negro morto pela polícia. O seu caso, como os demais registros de violência nas periferias do Brasil, começa numa abordagem policial —que possui regras para ser executada.

Outro lado

A reportagem enviou, no dia 17 de abril, oito perguntas à Secretaria de Segurança Pública do governo de João Doria (PSDB), mas não obteve resposta. A pasta foi questionada sobre o paradeiro das drogas apreendidas, por que não há informações sobre as drogas apreendidas no boletim de ocorrência, por que a vítima não foi levada ao hospital pela polícia, se os policiais foram afastados e por que os policiais usaram arma de fogo contra civis desarmados.

​No dia 19 de abril, a pasta disse apenas que um inquérito policial havia sido aberto para investigar o caso.

​”Todas as circunstâncias relativas ao caso são investigadas por meio de inquérito policial instaurado pelo Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) de Santo André. A equipe da unidade realiza a oitiva de familiares da vítima e testemunhas. A Polícia Militar também apura os fatos por meio de Inquérito Policial Militar (IPM). Diligências estão em andamento visando a elucidação da ocorrência.”

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